Esperança não consegue precisar quando aprendeu a arte da cestaria. Conviveu com ela desde que nasceu, dormiu no berço ao lado do tear e quando deu por si, já subia a um banquinho para entrelaçar o junco.

A arte da cestaria está espalhada um pouco por todo o Portugal. Na zona centro, em Alcobaça, de onde é natural, e em Porto de Mós, onde reside atualmente, é ofício da sua família há mais de sete décadas. Até aos 17 anos, ajudou os pais na produção manual de cestos, porém a fragilidade da profissão de artesã e a incapacidade de atingir uma estabilidade financeira, levaram-na a abraçar outras atividades profissionais. “Quando dizem que os jovens não querem aprender os ofícios, isso não é verdade. É impossível trabalhar e viver dignamente nos moldes em que o comércio do artesanato sempre foi feito tradicionalmente, e é importante falar disso”, explica.

Mais de duas décadas depois sentiu de novo o bichinho. Insatisfeita com a sua realização profissional, aos 38 anos voltou às suas raízes e ao seu ofício. Desde o início o seu objetivo foi pegar numa arte milenar e dar-lhe uma abordagem distinta no design e qualidade. As antigas cestas que costumam ser usadas como lancheiras ou cestas de picnic, nas suas mãos tornaram-se designs de moda inovadores e um produto para o dia a dia do consumidor atual.

Foi assim que nasceu a Victoria Handmade, um atelier que utiliza técnicas tradicionais para criar um produto premium moderno. “Se as pessoas soubessem o quão árduo é este processo, dariam logo muito mais valor”, explica Esperança referindo-se ao processo de apanha do junco, secagem, tingimento, tecelagem e acabamentos. Todos os processos são feitos à mão, apenas com processos e produtos naturais, garantindo um produto de alta qualidade e 100% sustentável.

As ferramentas da mudança

Segundo Esperança, o problema do artesão sempre foi não conseguir vender o seu produto: “Tradicionalmente, os artesãos estavam focados na produção, dependendo de terceiros que agissem como intermediários para a venda do produto nacional e internacionalmente – e isso é um dos factores de insustentabilidade de um projeto artesanal”.

Antigamente, e ainda continua a ser assim, o problema do artesão foi não conseguir vender o seu produto.

Conhecendo o negócio tradicional, Esperança sabia que esse não era o caminho que queria para si. E o primeiro passo da sua estratégia, foi criar os meios e “saber vender” a sua arte: “Estas ferramentas digitais são exatamente o que o artesão precisa para não depender de terceiros e vender o seu próprio produto”.

O objetivo da Victoria Handmade foi digitalizar o seu negócio para poder trabalhar em todas as suas vertentes – desde a comunicação, ao conhecer o cliente, ao preço e às entregas. Para isso, usou as ferramentas mais presentes no dia a dia dos clientes e disponíveis à distância de um clique.

A ferramenta gratuita Google My Business foi um dos pontos-chave do seu crescimento. As várias funcionalidades da ferramenta, como o perfil informativo, as direções do mapa para o atelier, as fotos do espaço, e as reviews deixadas pelos clientes satisfeitos, foram fulcrais para dar credibilidade à marca e criar confiança nos consumidores que estão a descobrir a Victoria Handmade pela primeira vez. Desde que criaram o seu perfil, sentiram um aumento de 44% nas visitas ao atelier, e de 35% nas visitas da loja online. No total, 76% das visitas mensais ao site vêm do motor de pesquisa Google.

“Este produto não é uma compra de impulso. Por isso, percebermos a audiência e os canais em que contactam connosco é fulcral para estabelecer uma relação”, explica. Assim, utilizam o Google Analytics para perceber o que leva o consumidor até à página de compra, para conhecerem os diferentes momentos de contato com o cliente e comunicarem corretamente em cada momento. Analisam também os produtos mais vistos no site, que ajuda a escolher a direção dos próximos designs.

Desde a criação da marca, há 7 anos, têm vindo a atualizar-se e adotar cada vez mais ferramentas digitais. Para o futuro, querem continuar a alargar ainda mais o mercado internacional, principalmente nos países dos quais recebem um significativo número de visitas mensais, como os Estados Unidos e França. “O mercado é global e estas ferramentas permitem-nos participar nele”, explica Esperança, revelando que recentemente começaram a apostar na divulgação através de Google Ads. Em apenas 3 semanas de iniciarem o investimento em ads, obtiveram um crescimento de 52% de vendas internacionais, pelo que esta via de comunicação continuará a fazer parte da estratégia.

Viver do artesanato e não apenas sobreviver

A valorização que os consumidores dão, cada vez mais, ao trabalho artesanal e peças únicas é um dos fatores que contribui para o sucesso, e uma história que têm vindo a contar na sua comunicação, utilizando as ferramentas digitais gratuitas.

É também uma mensagem que Esperança tenta passar através dos canais da marca: “O artesão tem que se valorizar em primeiro lugar. Se eu não valorizar o meu trabalho, como posso exigir às pessoas que o façam?”.

Mais do que um negócio rentável, Esperança quer construir um novo modelo de negócio e mentalidade em relação ao artesanato – um negócio que é sustentável a nível ambiental e humano, e onde os trabalhadores e a sua arte são valorizados e pagos dignamente. E onde os consumidores, nacionais e internacionais, sabem que estão a receber um produto de alta qualidade, feito de forma completamente ética, que poderão apreciar por muitas gerações.